Uns dias atrás eu postei no facebook que estava trabalhando em um novo projeto. A capa já está pronta, a história está rendendo que é uma beleza (nível Sentinela e Vigilante de rapidez, e sem ameaças!), e estou amando isso hahaha
Ainda não posso mostrar a capa, nem quero falar muito sobre o projeto. Mas posso contar se chama Nilue, tem uma pegada mais dark fantasy (coisa que não faço há anos), e vai ter romance (estilo Sentinela – não esperem coisa fofa mesmo não).
Mas acho que posso soltar a primeira parte do capítulo 1 (correndo antes das amigas blogueiras curiosas chegarem pra me matar)
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Quando você vive no Nilue, ou você deixa as sombras te consumirem, ou aprende a evitá-las.
Eu sorri enquanto me lembrava do aviso que uma senhora havia me dado quando atravessei o rio pela primeira vez, mal uma adolescente, que obviamente acabara de fugir dos currais de escravos.
Fugas de escravos eram raras, e uma garota de quatorze anos que não tinha ninguém no mundo não tinha a menor chance de escapar. Até o terremoto. Então muitos de nós haviam escapado. Crianças, adultos, idosos, humanos ou não. E nós corremos para o único lugar que todos sabiam que o Rei não nos caçaria: o Nilue e suas sombras constantes. O terremoto destruiu muitas coisas, arruinou muitas fortunas em uma única noite. Mas o Nilue permaneceu intocado, como se as sombras protegessem as casas frágeis construídas por aqueles que ainda sobreviviam. E, naquela noite, as sombras se alimentaram dos que estavam assustados demais para sobreviver.
Eu olhei para baixo, empoleirada no alto da muralha que separava a cidade de Delarna do Nilue. Era fácil escalá-la, para aqueles que sabiam ver as armadilhas, e eu podia sentir as sombras contra minha pele, como o toque de um amante. Elas estavam sorrindo, testando a muralha e imaginando quanto tempo levaria para que a transformassem em pó.
– Não muito tempo, eu sei. – minha voz era um sussurro no vento, fraca o suficiente para não ser carregada. Até mesmo as pessoas do Nilue se incomodavam quando me viam conversando com as sombras. – Mas é assim que nós, humanos, somos. Precisamos fazer alguma coisa, mesmo que não funcione. Então poderemos dizer que tentamos. – como eu continuava fazendo.
Os gritos finalmente chegaram aos meus ouvidos, e sorri quando vi as luzes se aproximando da muralha. Olá, Guarda Real. Aquilo não significava muito. Pela capa de Aven, não significava nada. Mas ao menos eu não estava sentada em minhas mãos e reclamando o dia todo. As luzes se aproximaram ainda mais, e me levantei. A luz de um rosa pálido da lua dos amantes atrás de mim me transformava em um alvo fácil, mas eu não me importava. Eles não atirariam até que estivessem mais perto, até que pudessem fisgar meu corpo e garantir que eu caísse do seu lado da muralha. Esperei até que um dos guardas apontasse para mim, gritando, e quando todos olharam para mim eu sorri, minhas mãos fazendo um sinal antigo, claro contra o luar.
Os guardas começaram a correr, gritando ainda mais.
Ainda sorrindo, eu mergulhei nas sombras do Nilue e desapareci.
2 Comments
Yay!
Tu sabes que sou teu fã – sem nem ter lido tuas obras, mas lerei, em breve.
Esse projeto é tão foda e PUTA.QUE.PARIU HAHAHAHAHAHA
*–* projetos inesperados sempre são uma delícia hahaha