M ineira do interior, Thais Lopes cresceu entre livros. Desde criança cria histórias e mundos fantásticos, misturando as várias referências que teve. Já foi programadora e designer, é viciada em música e cantora quando dá na telha. Vive entre os mundos das Crônicas de Táiran, Aymeria e dos Filhos do Acordo, além de alguns outros que prefere não mencionar - ainda. Atualmente mora em Belo Horizonte.

M inha mãe sempre teve uma pequena biblioteca em casa e desde pequena me acostumou a ler (na base da briga, para ser honesta). Previsivelmente, virei figurinha constante na biblioteca pública da cidade e na biblioteca da escola. Lia praticamente qualquer coisa que caísse na minha mão, fui apresentada aos clássicos um tanto quanto nova demais, me apaixonei pela literatura fantástica ainda criança.

A partir daí, foi natural começar a ter minhas ideias, pensar nas histórias que eu gostaria de ler. Queria garotas sendo protagonistas, e não as donzelas indefesas. Queria fazer misturas que não achava em lugar nenhum. Ou simplesmente queria fazer do meu jeito. O resultado? Comecei a escrever cedo e nunca mais parei.

Sempre brinquei dizendo que tenho um sério problema de excesso de imaginação. Uma imagem que vejo na internet, um verso de música, uma paisagem… Tudo isso é fonte de ideias. Uma conversa casual com amigos normalmente me rende pelo menos uma possibilidade de história. Frases aleatórias, mais de uma vez, foram tudo o que precisei para escrever mais de cinquenta páginas (no caderno, e minha letra é pequena).


E aí, para dar mais material ainda para a escrita, veio a minha vida louca: saí de casa na cara e na coragem, me mudei de vez para Belo Horizonte, fui professora de informática básica, design gráfico e programação web, trabalhei como programadora, joguei tudo para o alto e resolvi virar freelancer. E isso sem nem mencionar aquele vício tão velho quanto o da leitura: música. Coral, aulas de canto, apresentações, shows, gravações caseiras... De uma forma ou de outra, a música sempre é parte da minha vida.

Demorei alguns anos para entender o que eu realmente queria fazer com minha escrita e meus livros. Não que fosse tão difícil - eu só precisava voltar lá no que me fez começar. Minhas histórias são sobre mulheres que não estão ali para serem prêmios, quando estão. Que lutam com as armas que têm, mesmo que não sejam armas físicas, e que, cada uma ao seu modo, mudam o mundo - mesmo que o "mundo" em questão seja apenas suas vidas. Mas, no fim das contas, não é isso que todas nós tentamos fazer?